terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Festejos


Enfim, as cores saltavam-me às vistas...
Havia ali uma suave e aflita alegria.
Naquela terra, era festa
e uma fina poeira, da batida dos pés dançantes, do chão subia.
E tudo quanto era gente... Crianças, velhos e indigentes; homens, mulheres, amados e carentes, unidos por um breve momento num um cortejo simples e inocente...
Passantes...
Criaturas...
Errantes.


Arthur Fernandes
Ilustração: Irisz Agocs 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Brincadeira de Criança



Hoje vi um aviãozinho de papel voando sobre o céu do centro da cidade.
Caindo... calmamente pairava, como se o mundo abaixo dele não estivesse com pressa.
E assim, deslizava num caminho tortuoso criado pelo vento, sem rumo, apenas deixando-se
levar.
Descendo por entre prédios, circundou a chaminé de um velho restaurante e antes de
cair, entrou em um vácuo criado por um ônibus que violentamente acabara de passar.

Retomou, então, a sua trajetória em alguns segundos há mais de voo...
Circundou por entre pessoas e achou seu fim esbarrando-se em uma senhora que ignorou sua
presença, continuando o seu caminho.

Durante todo esse tempo senti o vento, apreciei os movimentos, os desenhos, as pessoas,
os edifícios e fumaças...

Mas, dentre todas, uma imagem não sai da minha cabeça: uma menina que de longe observava e ria ao ver sua pequena criação...
em um voo perene, sublime e quase eterno.                                                                                                                                                                                                                   Arthur Fernandes




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O Maior de Todos os Silêncios

Ali, haviam alguns homens
Mas o que reinava era o silêncio.
Uma espécie de dor, que podia ser sentida na pele
Remoendo os corpos daquelas criaturas

No primeiro homem havia o silêncio da carne.
Seu corpo pouco se mexia... quase nada.
Sua boca trancada e seus olhos vidrados.

O segundo, do mesmo silêncio compartilhava.

Mas da boca do terceiro saiam espasmos de loucura
Onde se ouvia, em ruídos, o maior de todos os silêncios:
Um homem de espírito vacilante, fraco e vazio.


Arthur Fernandes
Ilustração: Arthur Fernandes