quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Relógio de Areia



A ampulheta do tempo desarmada de anseios,
Deixa escorregar as areias quentes pelo seu frio vidro,
Sem deixar marca, sem deixar magoas e sem deixar máculas.
Afirmando ser tempo de tomada de decisões,
De mudança de vida... Tempo de partida.


Arthur Fernandes
Ilustração: Google


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Laurear



Dizem por ai que ansiedade é excesso de amanhã.
Mesmo sem querer sou obrigado a concordar e a assumir que também sou daqueles que andam acumulando... somos uma espécie de acumuladores compulsivos de tempos vindouros.
É como se ousássemos empurrar o presente com toda nossa força pra que o futuro nos alcance hoje.  Tanto sou assim que já disse mais de uma vez “queria ter 70 anos” e tenho meus motivos pra isso.
Mais isso envenena, vai matando aos poucos... Descobri que preciso aprender a me preocupar menos com o futuro.


Arthur Fernandes
Ilustração: Irisz Agocs


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Afano


Chegou gritando loucamente anunciando o assalto:
“É só 5,98 o quilo do tomate na banca do João, é na banca do João e só hoje”
E infelizmente ninguém podia fazer nada.


Arthur Fernandes
Foto: Google

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Anambé




Vivia onde os homens sempre sonharam estar
Mas, sempre olhou para baixo e desejou ser como os homens.
Dedicou-se a isso.
Parou de cantar, arrancou suas maiores penas e agora já não podia mais voar.
E durante um longo tempo caminhou com suas próprias pernas.
Driblou sapatos e sandálias para poder andar,
Comeu do que sobrava, do que caia da mesa dos homens e esses nem notavam a sua pequena presença...
Cismou que sabia falar e forçou tanto que até seu canto se tornou seco e áspero a ponto de que seu choro, seu grito por socorro, não podia ser ouvido.
Sofreu por não ser quem verdadeiramente era.
Ao se ver em tamanha decrepitude passou a ansiar pela morte e a desejou profundamente.
Dia após dia padecia em si mesmo.
Subiu ao mais alto dos prédios construído por aqueles que agora chama de senhores e em um salto se desprendeu de tudo o que havia vivido.
Enquanto caia o vento lhe tocava o corpo e acariciava as penas que novamente haviam crescido.
Girando solto no ar, lembrou-se de outrora, um passado bom.
Ao cair desejava a morte mas ao olhar para o céu, lembrou-se que sabia voar.
.

Arthur Fernandes
Ilustração: Irisz Agocs

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Beneplácitos



Há que ouse sair gritando por ai.
Hoje já não faço mais isso, simplesmente porque escolhi.
Encontrei paz no silencio, descanso na simplicidade.
Não que não desejo, mais desejo o necessário.
Mesmo que pareça pouco, mais até o pouco é muito dependendo de quem olha.
Não corro.
Ando.
As vezes paro, em respeito a quem passa, ou porque decidi parar.
Porque cada minuto junto vale mais do que a solidão
Porque pessoas valem mais do que coisas.
Porque sonhos valem mais que o medo.
Porque a vida não se resume a uma tela em 3D
E seria impossível contar quantos “D’s” podemos encontrar vivendo
Mais há que ouse sair gritando por ai.
A esses dou licença.
E em silencio guardo comigo apenas os acasos e encontros que tive.
 Historias que não tem preço.

Arthur Fernandes
Ilustração: Irisz Agocs