terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Despedidas

 
Pegou uma flor de um arbusto qualquer.
Seu vestido era lilás.
Caminhou sobre a grama girando levemente o corpo
Parecia feliz.
Cheirou a flor e sentou-se aos pés da única arvore daquele campo
E por incrível que pareça... Chorou. 


Ele – Por quê choras?
Ela – Acaso tu me amas?
Ele – Por quê duvidas?
Ela – Por quê tu tens que partir?
Ele – Sabes bem que não existe escolha.
Ela – Pra onde vais?
Ele – Ainda não sei!
Ela – Como podes sem saber nada, sair? Onde dormirás? Comerás? Leva-me contigo!
Ele – Como posso levar-te comigo? Se justamente essas coisas, não poderei te dar!
         Como cuidarei de ti?
Guarda, tu contigo, o amor que te entreguei, e na minha ausência       
         lembra-te de mim.
Ela – Não faças isso comigo. Dei-te o meu coração!
Ele – E levo-o comigo até o dia em que eu voltar. 


Tomando então a flor das mãos de sua dama, tendo o chapéu quebrado sobre sua cabeça,  
Parecia triste...  
Beijou a flor e a colocou sobre os cabelos de sua amada,
A única a quem amou de verdade...
E sem força alguma...
Partiu.

Arthur fernandes
Ilustração Rafael Godoy

Um comentário:

  1. Inacreditável... Considerando o quando foi escrito, seja lá pra quem tenha sido, acho que já posso acreditar em presságio... Ou, simplesmente, em malditos ciclos que se repetem: auto-sabotagem.

    Lembrei de um texto que li em dezembro de 2011, parte de um livro lindo, de um autor lindo. Procurei por ele hoje e lá estava: "Mas, se por fim eu não gostar... desgosto". Seria outro presságio?

    Bom... Se as coisas acontecem assim, por causa de palavras que foram ditas ou escritas num dia lá longe qualquer, fico esperando que se cumpra o trecho que diz "E levo-o [o coração da moça] comigo até o dia em que eu voltar". Isso... Fico esperando esse dia, quando ele decidir voltar.

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