sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Galdrope

    O Relógio marcava fielmente a virada de cada segundo em um ritmo que até o deixava sem ar, o suor escorria pela testa, era preciso tomar uma decisão, a final, a bomba já estava armada! O cronometro caminhava em direção ao zero fazendo com que cada segundo fosse de extrema importância, ele sabia que sua vida estava em jogo. 
    Perdido entre cores, buscando entre fios, esperando acertar a resposta certa, ele tremia e vacilava.  
   Algumas vezes podia jurar que o certo era cortar o vermelho, chegou a por a mão no verde, olhava esperançoso para o azul o tempo passava seu coração batia, ele tinha consciência da fragilidade da sua vida naquele instante, ele sabia que não poderia errar, sabia que só tinha uma chance.
   Decidiu sacrificar um pouco de tempo ao fechar por alguns segundos seus olhos, tentando achar dentro de si a solução para o que precisava fazer, chegou até mesmo a encostar em um fio, deixando que a própria sorte decidisse em seu lugar, queria se entregar ao destino, mais não podia porque sabia que a escolha era sua.
    Afinal ele se esforçou para estar ali, ele escolheu fazer desse momento sua vida, ele resolveu desarmar bombas, esse era o destino que ele escreveu para si se achando intocável,  se sentia um herói por isso, ele ja tinha desarmados dezenas bombas em sua vida, se julgou muito forte, mais não sabia o que viria, nada pelo que ele passou poderia deixar preparado para o que hoje ele está enfrentando, ele nunca imaginou que teria que enfrentar algo dessa magnitude.
   Ele nunca poderia imaginar que a bomba dessa vez estivesse ligada a sua alma, que ele poderia perder sua vida, que estaria diante da solidão e que não haveria ninguém para desarma-la,  e ele teria que pagar pra ver,  arriscar.
   Faltando apenas três segundos, ele fechou novamente os olhos, e cortou um dos fios, ele escolheu, ele tomou sua decisão, ele pagou para ver, e o preço dessa vez foi o silencio, um silencio tão profundo que podia ser tocado... e naquele momento; ele o tocou.


Arthur Fernandes
Ilustração: Irisz Agocs

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