terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Canto do Bolso








     Na rua um silencio sepulcral, ali um lugar esquecido, as sombras contorciam sendo formadas por antigas luminárias que ainda existiam na rua... era noite. E embora ignorado esse lugar sempre existiu, mais ninguém nunca quis reparar, ele sempre esteve lá... na próxima esquina, na próxima quadra, ao lado de casa.
     Esse lugar só podia ser visto por quem nunca perdeu suas cores, por quem nunca deixou que abrissem seu peito e roubassem a aurora boreal, por quem ainda enxergava com os olhos inocentes, por quem sonhava acordado.
    Ali qualquer adulto era criança, qualquer criança voava, ali nascia flor, crescia fruta,  ali tinha pato que dirigia,  geografia era coisa de bicho, besouro da aula em francês, ali com caniços fazíamos pipas de todos formatos, ali coragem era mato, ali marambá era boa, e o sorvete nunca derretia, a gramática era reinventada, ali havia um dialeto próprio, ali a vida era linda.
    Naquela noite, a adulta menina, se reencontrou consigo e dançou... acredito que tenha achado aquele lugar onde caniços, marambás e besouros cabem no bolso de quem é feliz.

Arthur Fernandes
Ilustração: Irisz Agocs

Nenhum comentário:

Postar um comentário