
Esse lugar só podia ser visto por quem nunca perdeu suas cores, por quem nunca deixou que abrissem seu peito e roubassem a aurora boreal, por quem ainda enxergava com os olhos inocentes, por quem sonhava acordado.
Ali qualquer adulto era criança, qualquer criança voava, ali nascia flor, crescia fruta, ali tinha pato que dirigia, geografia era coisa de bicho, besouro da aula em francês, ali com caniços fazíamos pipas de todos formatos, ali coragem era mato, ali marambá era boa, e o sorvete nunca derretia, a gramática era reinventada, ali havia um dialeto próprio, ali a vida era linda.
Naquela noite, a adulta menina, se reencontrou consigo e dançou... acredito que tenha achado aquele lugar onde caniços, marambás e besouros cabem no bolso de quem é feliz.
Arthur Fernandes
Ilustração: Irisz Agocs
Nenhum comentário:
Postar um comentário